Praia e Mindelo são as cidades caboverdianas que apresentam o maior défice habitacional.
O elevado custo da construção, a inflação na habitação e nos terrenos destinados ao mesmo uso, paralelamente com o desemprego existente, impossibilitam a compra ou arrendamento de uma casa, incitando o aumento da construção ilegal, na maioria das vezes, a única opção das famílias carenciadas terem um abrigo para [sobre]viver.
Será esta ilegalidade crime?
Os aglomerados de casas clandestinas expandem-se nas periferias das cidades, desenvolvendo uma nova urbanidade sem regra, baseada na auto-construção. O nível económico-social vivenciado nestes bairros transforma-os numa espécie de ilha, marcada pela inexistência de condições de habitabilidade das construções, pela insalubridade dos espaços, por uma inexistência de infra-estruturas e serviços e pela falta de segurança. Estas Ilhas insustentáveis irão ampliar os níveis de degradação com a sobrelotação prevista do espaço.
O que hoje já são considerados contextos desumanos, num futuro próximo poderão deteriorar-se. Intrinsecamente ligados, a economia e o aumento demográfico estimulam o crescimento espontâneo destas novas urbanidades, vincando a fractura social, fragilizando a estrutura dos países com défice de habitação, neste caso concreto, em Cabo Verde.
O acesso à habitação digna e ao planeamento sustentável são, assim, fundamentais para combater a pobreza e a exclusão social.
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